Tempestade no Mar
Canção ao Mar
(Mar Eterno)
Oh mar eterno sem fundo
Sem fim
Oh mar de túrbidas vagas
Oh mar!
De ti e das bocas do mundo
a mim
Só me vem dores e pragas
Oh mar!
Que mal te fiz oh mar, oh mar
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar
Quebrando as ondas tuas
De encontro às rochas nuas
Suspende a zanga um momento
Escuta
A voz do meu sofrimento
Na luta
Que o amor acende em meu peito
Desfeito
De tanto amar e penar
Oh mar!
Que até parece oh mar, oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas máguas
Dá-me notícias do meu amor,
Amor
Que um dia os ventos do céu
Oh dor!
Nos seus braços furiosos
Levaram
E ao meu sorriso, invejosos,
Roubaram
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi oh mar, oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura
Roubaste-me a luz querida
Do amor,
E me deixaste sem vida
No horror
Oh alma da tempestade
Amansa,
Não me leves a saudade
E a esperança
Que esta saudade, é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe
Suavíssima e cruel
Mas máguas desta aflição
Que agita
Meu infeliz coração,
Bendita,
Bendita seja a esperança
Que ainda
Lá me promete a bonança
Tão linda!
Mornas
Canção ao Mar (Mar Eterno)
Eugénio Tavares (1861-1930)
Cabo Verde
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Canção do Mar (José Afonso)
Ó mar
Ó mar
Ó mar profundo
Ó mar
Negro altar
Do fim do mundo
Em ti nasceu
Ó mar
A noite que já morreu
O teu olhar
Ó mar
Ó mar
Ó mar profano
Ó mar
Verde mar
Em que me irmano
Em ti nasceu
Ó mar
A noite que já morreu
No teu olhar
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